segunda-feira, 22 de outubro de 2012

EM NOME DA FÉ




Non nobis, non nobis, Domine,
Sed nomini tuo da gloriam.
Salmos 115.1

Para o sol que nos queima o corpo,
Para a chuva que lava nossos pecados,
Para que possamos lutar com honra e valentia,
Nós O louvamos, Senhor.

Para a fome que nos atormenta,
Para a sede que nos castiga,
Para a canseira que não nos abandona,
Deixando todo o corpo marcado com dores,
E estarmos totalmente oprimidos pelo medo,
Obrigado, Senhor.

Para o vento que nos cega,
Para a areia que nos fustiga,
Para o sangue derramado nas armas,
Nós O enaltecemos.

Para as noites sem dormir,
Mergulhados no medo e na oração,
Pelo dia que se seguirá,
Grato, Senhor.

Para o grito de nossos inimigos,
Para a lança que nos fere,
E a seta impiedosa que ceifa a vida,
Nas alegrias e tristezas de nossa batalha,
Nós O elogiamos.

Para a defesa da fé,
Para nos poupar da morte que aguarda,
Para a doce esperança de poder contemplá-Lo,
Com o peito ferido e a alma pura,
Nós O glorificamos.

E purificado no Seu amor,
De ter lutado em Seu nome,
E defendido Sua palavra,
Obrigado Senhor.

Pelo amor que temos ao Senhor,
Pela confiança que devotamos às armas,
Para lutar em Seu nome,
O louvamos Senhor,
Para a glória eterna,
Do hoje e sempre,
Amem.

Esta oração reflete em parte os valores morais, éticos e religiosos existentes nos anos 1090 e as décadas seguintes. Foi a essência filosófica das Cruzadas, que tinha o intuito de liberar Jerusalém dos mouros. Ressurge este Te Deum novamente segundo a lenda quando Henry V foi vitorioso na batalha de Agincourt (1415), e posteriormente em 1510 para celebrar o nascimento da filha de Luís XII e Ana da Bretanha. Em cada ocasião, o texto foi lapidado, tomando um formato diferente. Depois disto foram inúmeras suas apresentações.
O texto aqui apresentado diz respeito à adaptação feita no filme Henry V, por Kenneth Branagh, onde Patrick Doyle compôs a canção.

Deixando para o segundo plano as motivações e divergências associadas às Cruzadas, consideramos ser importante vislumbrar o limite da fé na época medieval, que chegava a sobrepujar inclusive o receio da própria morte.

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