sábado, 16 de abril de 2011

Considerações sobre Liberdade


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O que é liberdade? As respostas são múltiplas, como conjunto de direitos reconhecidos ao indivíduo, considerado isoladamente ou em grupo, em face da autoridade política e perante o Estado; poder que tem o cidadão de exercer a sua vontade dentro dos limites que lhe faculta a lei.

Mas pode ser conceituado também como condição daquele que não se acha submetido a qualquer força constrangedora física ou moral, condição daquele que não é cativo ou que não é propriedade de outrem.

É a possibilidade que tem o indivíduo de exprimir-se de acordo com sua vontade, sua consciência, sua natureza.

No kantismo bergsonismo ou existencialismo sartriano, a potencialidade (nem sempre concretizada) de escolha autônoma, independente de quaisquer condições e limites, por meio da qual o ser humano realiza a plena autodeterminação, constituindo a si mesmo e ao mundo que o cerca.

No estocismo, spinozismo ou no idealismo alemão, a capacidade inerente à ordem cósmica, tb. concebida como natureza, universo ou realidade absoluta, de existir com autonomia e autodeterminação ilimitadas, que corresponde a um poder semelhante alcançável pelos seres humanos, desde que consigam agir e pensar como parte dessa realidade primordial e abrangente, harmonizando-se conscientemente com seus desígnios.

No marxismo, a aptidão por meio da qual as coletividades ou classes, compreendendo a necessidade das leis da natureza e os condicionamentos que pesam sobre a história universal, transformam o real, com o objetivo de satisfazer suas necessidades materiais e determinar a organização geral da sociedade.

No empirismo e utilitarismo, a capacidade individual de autodeterminação, caracterizada por compatibilizar autonomia e livre-arbítrio com os múltiplos condicionamentos naturais, psicológicos ou sociais que impõem predisposições ao agir humano.

Talvez o melhor livro que fale sobre liberdade tenha sido escrito, Liberdade, Liberdade, por Millôr Fernandes e Flávio Rangel, em 1965.

Quem desconhece o texto, poderá obtê-lo em


e procurar por Liberdade, Liberdade.

O intuito em escrever estas linhas é relembrar de um velho livro chamado Spartacus, escrito por Howard Fast, que foi o fundamento do filme com o mesmo nome, de Stanley Kubrick.

Neste livro evoca-se a luta pela liberdade, por um gladiador denominado Spartacus, (120 aC 70 aC), de origem Trácia, lider da revolta de escravos da Roma antiga, conhecida como a Terceira Guerra Servil, Guerra dos escravos ou dos gladiadores, que comandou a revolta de um exército rebelde com quase 100 mil ex-escravos.

Agora encontramos uma letra que não deixa de ser um Hino à Liberdade, em um espetáculo em exibição na França, com o mesmo nome.

Tomamos a liberdade de traduzir a letra de duas músicas, para que sejam devidamente avaliadas, e anexamos também o endereço em que as mesmas poderão ser vistas.


Enquanto houver homens quebrados e desprezados

Enquanto existirem correntes, chicotes, as prisões

Voltarei

Eu serei milhões

Voltarei

Eu sou a tempestade

Independentemente da época, do local do planeta

Da cor da terra

Embora sempre acabe em derrota

Mesmo que seja eu quem perca


Enquanto houver homens dobrados e humilhados

Enquanto houver minas, campos de algodão

Voltarei

Eu serei milhões

Voltarei

Eu serei sua coragem

Eu serei sua revolta e eu serei a sua raiva

Toda criança que chora

Embora sempre termine em derramamento de sangue

Mesmo que seja eu quem morra,


Enquanto houver homens intimidados, oprimidos

Enquanto existirem correntes, grades de mordaças

Voltarei

Sob os olhos de cima

Eu serei o fogo, morte e a dor

Até que haja o medo de mim

Mesmo que os rebeldes ditadores

Mesmo que seja eu quem reina

Enquanto houver homens quebrados, desprezados

Enquanto existirem correntes, chicotes, prisões

Voltarei

Eu serei milhões

Voltarei

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Eu sou forte

Isso é muito

Quando se tem apenas

Alento para viver

É dado a alguém


Pai, onde estás?

Perdido

A terra é vermelha

E meus lábios estão se movendo

No entanto,

Você disse: "Seja forte"

Você disse: "eu espero "

Desconhecido

Pai

Onde você está? Pai, onde estás?

Perdido?

Nesta vida de cadeias

Feridas e dores

Insultos

Você disse: "Seja duro"

Você disse: "seja orgulhoso"

Onde você está?

Eu espero por mais Eu não vou embora

Quando se tem apenas

Alento para viver

Dá-me...

quinta-feira, 7 de abril de 2011

RECORDAÇÕES DE MINHA INFÂNCIA 6

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Minha infância sempre foi e ainda é recordada com prazer. O período em que morei no sítio, quando tinha meus quatro, cinco anos foi cheio de aventuras, como explorar uma grota que situava-se perto de casa. Era um local encantado, altas paredes laterais, com samambaias gigantes lado a lado, paredes de piçarra amarelo-avermelhada, da melhor qualidade para fazer minhas modelagens de moleque.









Outra coisa extremamente gostosa era caçar sacis com peneira. Era um eterno correr atrás dos redemoinhos com a peneira, onde não podia deixar de pintar uma cruz em seu centro. Não era difícil pegá-lo com a peneira. O grande problema era tirá-lo debaixo dela e colocá-lo dentro da garrafa. Era a hora onde sempre ele escapava... E eu sempre emburrado com meus eternos fracassos... Diziam que quando capturávamos um, todos os nossos desejos eram realizados, pois ele ficava doidinho para sair de dentro do vidro e fazia qualquer trato para isto...







A grande prova de sua existência era a crina dos cavalos que eventualmente eram trançadas nas madrugadas enluaradas. Quando ouvíamos os animais inquietos durante a noite, sabíamos que quando levantássemos, encontraríamos diversas tranças em seus pescoços...
















O mais gostoso realmente era sair de casa nas noites quentes e úmidas,
um pequeno vidro na mão, e irmos caçar vagalumes. Aquelas pequenas “garrafinhas” de luzes esverdeadas fosforescentes eram uma a uma colocadas dentro da garrafa, e tínhamos então nossas lanternas mágicas, que iluminavam os caminhos que nos abriam as portas aos mais diversos reinos mágicos.






Finalmente a noite caia, a canseira imperava, e, depois de lavarmos os pés, lá íamos nós para a cama, barulhenta com o colchão de palha, o véu estendido sobre a cama afastando os pernilongos. Mas o travesseiro de paina ou marcela era uma delícia e facilmente superava os incômodos barulhos da palha de milho. Na camiseira ao lado da cama, uma pequena lamparina a óleo fazia tremular uma pequena luz amarelada, que insistia em lutar contra o negrume da noite.












Depois viria a diversão com o bodoque, o caçar de rolinhas com a peneira. Como todo moleque de sítio, não podia deixar de caçar passarinhos com a arapuca. Era só colocar esta ao lado da gaiola com um bom pássaro, e depois de algumas horas sempre tínhamos capturado algum, que era levado para um grande viveiro, sob um pé de jambo... E assim sempre tínhamos músicas em casa, com os trinos que nos aveludavam aos ouvidos.










Uma vez por semana passava o frangueiro com sua carrocinha recheada de mercadorias. Neste dia quase sempre ganhávamos doces. E naquele tempo, eles tinham consigo pequenos brinquedos. Ainda alguns ainda restam daquele tempo. Se gostava de jambo e outras frutas, também gostava de limão. E nada como chupar limão com sal, debalde as palmadas que ganhávamos quando éramos descobertos em nossas travessuras. O melhor pé de limão estava no alto do morro, em pleno pasto, onde íamos sempre com cuidado, com medo das cobras. Sempre fomos protegidos, e graças a Deus nunca levamos uma picada deste réptil. Mas o gosto da reinação era alto, e umas palmadas a mais, umas a menos não nos inibiam em fazer as coisas proibidas...








Nas noites de lua cheia sempre íamos de uma casa a outra, onde ficávamos a contar casos, ouvir histórias. Outras vezes, nada como um bom joguinho de baralho, como um rouba monte, ou mesmo um truco para boa diversão. Outras vezes, sentávamos apenas no terreiro, e ficávamos em silêncio ouvir a sanfona chorando ao fundo sua canção...








Quando vim para a cidade com meus sete anos, minha irmã não deixava de trazer alguns brinquedos, que eram adquiridos em São Paulo. E era de uma fase pós-guerra, onde tínhamos navios, aviões e outros objetos rememorando esta negra fase mundial.





Algumas vezes ainda nesta fase dos sete, oito anos, foi a Santos. Era uma aventura sair de Piracicaba, enfrentar uma viagem até São Paulo, depois tomarmos o o ônibus ou o trem e chegarmos ao litoral. Neste tempo foi que consegui estas garrafinhas de coca-cola (5 cm) bem como algumas figuras de Disney. Lá se vão mais de cinqüenta anos, para não falar sessenta... Novas diversões iniciaram-se nesta fase, mas nunca tiveram o sabor que tinham nossas aventuras pelo sítio. Muito da magia foi-se abrandando, mas nunca deixei de freqüentar ainda este mundo mágico de minha meninice, que trazem-me doces recordações de minha infância e meus genitores, que já se foram...