domingo, 3 de fevereiro de 2013

. E N C R U Z I L H A D A.....E X I S T E N C I A L.


 
Que silêncio... O vento não mais acaricia o rosto nem o corpo... O calor envolve e obnubila a mente... Parem este trem que quero descer... respirar... Quero ver a chuva bater nos cabelos e escorrer pelo corpo... Não quero mais sentir o gosto amargo do suor a escorrer pela face... Quero sentir os pulmões a encherem de ar... Quero escorregar pela teia de aranha, e ver a lua refletindo em seus fios... e sentir o frio orvalho preso em sua trama... Quero ver o sol a brilhar, mensageiro da vida... Quero...quero...
Quero ver a alma a explodir em miríades de estrelas, faíscas a brilhar na fria noite... Rasgando o sereno e deixando uma trilha branca de vapores...
.
Quero o fantástico pirlipinpim para poder voar para a Terra do Nunca....
.
Quero...
.
Não quero acordar deste mundo de sonhos, que ameniza as dores e o desespero de existir, transformando-a em doce toque de Midas. Não me deixe acordar... Não... não...
Deixe-me ser a eterna criança com a mente voltada para a magia da infância... de Branca de Neve, das bruxas e princesas... dos castelos que tentam penetrar nas nuvens... Deixe-me ver Rapunzel jogar sua trança da torre... e ver a dançarina com suas sapatilhas vermelhas a dançar eternamente, ou mesmo a tartaruga levar o coelho em suas costas para a terra mágica. Deixe-me ainda ser criança.
.
Mas só a sensação do existir dentro da infância não satisfaz ao adulto, ainda quando este já se realizou profissionalmente. Pelo contrário, gera crise existencial, onde procuramos enfrentar as realidades do dia a dia, assumir uma série de responsabilidades pessoais (muito mais no campo moral que no legal), que se prolongarão por toda a existência.
.
Cabe-nos tomar uma decisão que, se a vida que queremos para o futuro será desenvolvida com o foco voltado para uma continuidade familiar, com todos os problemas, tensões e insatisfações que isto originará, ou se devemos focar em nossa plena existência e satisfação pessoal, delegando a um segundo plano a continuidade genética. A colocação de um filho, seja do modo que for, via casamento, via relacionamento supérfluo nos obriga a criar raízes profundas em relação a este novo ser humano, 
.
Uma forma de amenizar a "irresponsabilidade social" (se assim o poderíamos classificar) que optamos na vida de solteiro é a de auxiliar a quem de necessário a crescer e ser alguém na vida. Se não nos realizamos vendo um herdeiro direto se desenvolver, vemos pelo menos alguém a que devotamos carinho e amor a ser alguém na vida.
.
Não precisamos fazer alarde de nossos desejos e satisfações pessoais. O importante é que elas existem. Se os outros sabem ou não, gostam ou não, se a nossa liberdade fere o ego alheio e provoca a insatisfação dos que a ambicionam e nunca a alcançarão (por qualquer que seja o motivo), isto não é o importante. Se a calúnia existe pelo egocentrismo e frustração de outrem não é nosso problema e muito menos o freio que nos amordaça e atrela aos preceitos sociais e morais. O básico é que vivemos em um mundo de prazer, e o  fundamental é que colaboramos, de uma forma ímpar, para que um pequeno pedacinho similar a nós venha a ter uma perspectiva de futuro melhor, que não teria se não tivéssemos interferido.