domingo, 5 de julho de 2009

Despedida a Clemência Pizzigatti

Comentários finais. julho 2009


Website counter



Já se passaram alguns meses que Clemência nos abandonou.
Sabendo de sua capacidade nas artes, senti ser minha obrigação, ainda que tardiamente, fazer o retrato de uma mullher que não esmorecia, mesmo frente à morte, que indelevelmente se aproximava. Isto originou um pequeno filme, a disposição de todos e uma pequena entrevista presente neste blog.
Mas algo permaneceu oculto ainda, e havia a necessidade de se exteriorizar o sentimento que esta mulher conseguiu transmitir nestes efêmeros contatos. E este estava guardado com todo o carinho, realmente escondido, enterrado em um cantinho da alma, e não desejava dividir com quem quer que fosse. Mas, era um erro, e agora penso que chegou o momento em corrigi-lo.

O pequeno tempo em que tive contato com ela foi, acima de tudo, uma lição de vida. Por saber sorrir, por apresentar o maior carinho por todas as suas coisas (fossem grandes ou pequenas), por saborear cada dia, cada momento e cada fato de sua existência como se fosse o último, e fazer com que todos ao seu lado fossem impregnados por aquele desejo e impulsão de "quero mais", de dar graças àquele pequeno momento, quase desapercebido, onde uma borboleta passa voando, fazendo malabarismos impossíveis com os braços do vento agarrado às suas asas, ou o canto do pássaro ao fundo que vai se destacando e tomando volume, crescendo em importância e magnamidade , e subitamente tomamos consciência que é uma verdadeira sinfonia que brota naquela pequena garganta, e as notas saem a saltitar, desfilando pelo espaço imaginário, que o limite é nossa capacidade de percepção e da fantasia.
Ela conseguia até nos fazer inebriar com o momento mágico, em que um pequeno pedaço de mosaico, perdido na imensidão dos outros, tomava importância pela sua forma e cor perante os outros, e ia ocupar o seu exato lugar na composição. Era o feitiço da descoberta do suntuosamente importante no incomensuravelmente pequeno e até insignificante.
Sua visão do mundo, como geralmente de todos artistas que tem este dom dentro de si, é um mesclado de realidades, mas onde a magia de sua vontade consegue enevoar as áridas e rispidas arestas da fidelidade, transformando aquele mais rude elemento em uma pluma que somente pode acalentar a outrem, fazendo-a adormecer ao som das cantilenas, da suavidade e segurança que por ela se transmite à todos em sua volta. É a água transmutada em vinho... É a pedra filosofal da alquimia...
Ela já se foi. Mas conseguiu neste breve intervalo de tempo transmitir aos que a conheceram o verdadeiro "toque de Midas" da bondade, singeleza, da beleza, e da verdadeira magia em se criar momentos verdadeiramente eternos tendo com base a simplicidade.
Enfim, era uma fada entre nós, e sempre haverá uma estrela brilhando no céu, e quando a olharmos, vamos sempre sentir a magia e sedução de sua presença.

Nenhum comentário: