M A F L A
Há muito houve uma pessoa que era
conhecido como Mafla. Seu nome real em nada importa agora, que permaneça perdido
na obscuridade, mas o importante foi seu legado em sua breve existência, se
destrutivo para ele, espetacularmente edificante para aqueles que o conheceram.
Mafla era apelas Mafla, simplesmente My
Flower. Pessoa como quase todas as outras, tinha uma diferença fundamental: era
a personificação material do amor.
Sua visão sobre os sentimentos era
diferente de todos: não sabia ficar sem amar. Amava a todos e a tudo. Onde se
aproximasse, tal qual Midas, fazia explodir o bem-estar entre ele e quem quer
que fosse, e até mesmo entre duas ou mais pessoas. Florescia então o sentimento
construtivo, o bom relacionamento, o desejo de estar sempre com a mesma pessoa
ao lado, de um alegrar ao outro, de um satisfazer ao outro, de se
complementarem, fosse do mesmo ou do sexo diferente. Ele inspirava e induzia a
isto.
Este era o toque mágico de Midas que
Mafla possuía, o do bem-estar, do amor completo, acima das convenções morais e
sociais da época, sem que houvessem restrições de quem quer e como que fosse,
com total liberdade de ação e expressão entre os elementos.
Seguramente, o mais importante de sua
passagem era o estado duradouro que permanecia entre os que aproximava, a união
sólida e vínculo praticamente indissolúvel que se criava entre as pessoas.
Mas infelizmente, para ele todo este
sentimento era passageiro, e logo tudo se esvaia, apenas permanecendo depois a
sensação de nulidade, um vazio infindável, um abismo de solidão que envolvia o
relacionamento e por fim acabava sepultado...
Um raro material chegou até minhas,
mãos, uma carta que tomei a liberdade de anexar a estas considerações, mero
relance de seu existir...
<>
Piracicaba, 20 de junho de 1971
Ola V...
Hoje, já de manhã senti que deveria
conversar com alguém, tentei falar comigo mesmo mas vejo que de nada adiantou,
que bosta de vida, e puta que pariu os outros, porque devemos dar tanto da gente,
porque as vezes somos um coração de BOLBULINA na vida, deveríamos ser nojentos
e mesquinhos pois talvez não sofreríamos, porque temos de ter em mente os
outros, e justamente aquelas pessoas que nem sabem retribuir o que
necessitamos.
V..., apelei para você minhas mágoas
pois você é um excelente travesseiro, pelo menos escuta e diz que tudo o que
penso é legal. Ah, que vontade de sair por aí amando a todos, meu Deus, quantas
bocas ainda falta eu beijar, quantos braços falta a gente abraçar, acho que nem
cheguei aos 1.000 ainda, somos uma população tão grande, será que existe alguém
igual a mim, ou será só eu um vendedor ambulante de carinhos e amor?
SEMPE É BOM TEMOS CONSCIÊNCIA QUE
DENTRO DE NÓS HÁ UM ALGUÉM QUE TUDO SABE. My God, quem será esse alguém que não
quer se comunicar comigo, porque? Sou de um coração tão grande, porque eh? É a
fossa se comunicar e se esfolar, é uma merda saber dar, é um troço se masturbar
mentalmente quando admiramos as coisas lindas, aquelas que perguntamos a nós
mesmos se toparíamos nem que fosse por alguns segundos quaisquer. AH, quantas
coisas lindas vemos por dia, quando me masturbo por dia, como eu amo demais por
dia, sabe, chego a pensar que sofro de tesão ou mesmo sexo maníaco, mas não é
não é somente falta do calor humanos que sinto por minha caloria que ultrapassa
todo este povo mesquinho que só pensa em desgraça, e neste fim de poema, é que
me expresso sem dor, por favor me compreenda, só quero amor, mais amor...
................................
<>
Houve um bom tempo que Mafla se
superou... mas chegou uma hora que cedeu ao seu desespero obscuro...
De tanto dar e receber amor, de
tanto oscilar entre a satisfação e o desespero, de tanto ver desmoronar o mundo
ao seu lado, também acabou por ruir...
Numa noite obscura...
Um revolver saído do nada...
O frio metal encostado na cabeça...
Dentro da solidão do quarto...
Um último adeus à vida...
Uma língua de fogo saindo do cano...
Um projétil destruindo crânio e
cérebro...
E assim Mafla foi repousar na
eternidade...
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